Pessoas fila distanciamento

Distanciamento social e o processo adotivo

A pandemia da Covid-19 interferiu na vida de todos e entre as famílias que desejam adotar uma criança não é diferente. O distanciamento social, tão necessário para barrar o contágio do novo coronavírus, provocou o fechamento de fóruns, a reorganização do trabalho e impactou na finalização de processos de adoção no ano de 2020.

Fonte: Folha de Londrina

Pai e filho com camiseta combinando e cachorro no colo

Pandemia e processo de adoção híbrido

Após viajar por horas de carro entre a cidade de Cachoeira de Macacu, no Rio de Janeiro, e Embu das Artes, em São Paulo, o professor Erasmo Coelho viu Gustavo, de 11 anos, pessoalmente pela primeira vez e conquistou o sonho de adotar o filho. O encontro frente a frente ocorreu no meio da pandemia, em maio de 2020. Por causa disso, todas as conversas com a criança e as responsáveis pelo abrigo no qual o menino morava foram virtuais.

Pessoa parada em cima de uma linha pintada no chão.

Tempo do Processo de Adoção

“Por que algumas pessoas conseguem adotar em questão de dias e outras demoram anos?”

Veremos o que o Dr. Mario Romano Maggioni – por uma cultura de adoção nos conta em sua crônica semanal,

CERTIDÃO DE INEXISTÊNCIA DE PRETENDENTES


Alguém postou nas redes sociais da internet: “Queria muito saber pq algumas pessoas conseguem adotar em dias e outras demoram anos”.



Pesquisei no Cadastro Nacional de Adoção – CNA e encontrei, em 05/12/2020, 46.393 habilitados para adoção e 8.832 crianças e adolescentes aptos para adoção. Eu, juiz da infância e da juventude de Farroupilha, incluí, na semana que passou, dois irmãos no Sistema Nacional de Adoção – SNA, 11 anos e 1 ano, aptos para serem adotados. Fiz a busca por habilitados. O cadastro do SNA respondeu (Pasmem!):


“CERTIDÃO DE INEXISTÊNCIA DE PRETENDENTES”


Em busca realizada no sistema, na data de 05/12/2020, às 10:33 hs, não foram encontrados pretendentes exclusivamente nacionais para o adolescente e para a criança”.



Perguntei ao computador:

– Mas há 46.393 habilitados no Brasil?

Ele ficou mudo. Eu fiquei surdo. O menino do presépio perambulou entre os processos em busca de uma porta aberta.



Alguns perguntarão:

– Por que deixar chegar aos 12 anos para destituir?

Não pensem que é tão fácil decidir a vida alheia. Os que acham fácil têm problemas de raciocínio. Só pode! O Direito é tão vasto quanto o mundo. Há bancos que cobram juros de 22% ao mês, com capitalização mensal. Desafio você a fazer a conta de quanto dará o pagamento ao final de 6 anos se tomar emprestado R$ 1.000,00. Há milhões de defensores da livre iniciativa que não veem nada de errado nisso. Respondo:

– Você pagará R$ 1.651.611.159,33. Pode?

Há milhões de ações no Judiciário dizendo que é legítima esta contratação. Para algo tão simples (matemática pura) há tanta controvérsia. Imaginem para decidir a vida. Se fosse simples, o SNA teria respondido que havia 46.393 habilitados para os irmãos de 11 e 1 ano, mas o resultado foi “não foram encontrados pretendentes”. Este é o fato que me entristeceu.

Estes números frios peregrinam, entre os processos, ao menino da manjedoura que não encontrou uma porta aberta para nascer, só um estábulo, rodeado por algumas vacas, ovelhas e burros.
Tomara esta crônica ajude alguma porta a se abrir em dias!